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Os Limites do Humor

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O humor é a arte da disposição cômica de uma pessoa. Mais do que um “estado de espírito”, ele é considerado um talento para muitos, no qual, marcado pela espontaneidade e graça, é reconhecido como a arte de fazer rir.

O humor é fundamental para o convívio social, quem não acha bom rir? Quem não tem aquele amigo que tem uma facilidade incrível para tornar tudo engraçado? E, mais ainda, quem não ama a pessoa que torna o trágico o mais cômico possível? O humor é um dom sim, e como dom, poucos sabem fazê-lo com excelência.

Com a vida cada vez mais conturbada e com as pessoas mais compromissadas e responsáveis, o humor passa a significar uma válvula de escape para a seriedade que nos é exigida diariamente. A novela por muitos anos foi considerada a maior fonte de entretenimento, tornou-se habitual chegar em casa no fim do dia e permitir-se levar para um mundo fantasioso, que nos apreendia e envolvia. Com os variados personagens inseridos na ficção, de uns tempos pra cá, aqueles comprometidos com o humor são os que mais fizeram sucesso. Esses personagens marcaram as novelas, roubando a cena até dos personagens principais e tornando-se tema das conversas dos espectadores, como o famoso Crô, de Fina Estampa – que de tamanho sucesso teve até um filme dedicado ao seu personagem – Valdirene, Márcia, Félix e o “Palhaço”, de Amor à Vida.

Com a democratização da web, a facilidade de acesso e o surgimento dos canais pagos, séries, programas e filmes voltaram-se para a comédia e tornaram-se os grandes sucessos das redes. O humor saiu do anonimato da internet para fazer parte das programações diárias dos canais de televisão, sendo suas maiores apostas para conquistar os públicos. Com o gênero emergente, os humoristas foram invadindo as telas e teatros, apresentando programas, recebendo papéis de destaques em novelas e mini séries e protagonizando espetáculos do mais novo estilo: comédia stand up. Nota-se pela fama das séries Friends, The Big Bang Theory e Two and a Half Men (ambos comprados para serem exibidos em um canal aberto brasileiro), Porta dos Fundos, CQC, Pânico, É tudo improviso.

Com a ascensão do fazer rir como a mais nova modalidade de entretenimento, os textos humorísticos passaram a ter maior visibilidade, novos profissionais surgiram e, como uma atividade que se apoia na liberdade de expressão e na premissa de que tudo é válido na arte de causar o riso escrachado, críticas e consequências surgiram, juntamente com a questão: Qual o limite do humor?

O humor é o espelho social mais fidedigno que existe. Ele apenas acompanha as tendências socioculturais e reflete os padrões, pensamentos, atitudes e preconceitos que as pessoas têm e, por muitas vezes, ocultam. Rafinha Bastos é um exemplo impossível de não ser mencionado. Humorista polêmico, já teve que responder por muitos processos judiciais em resposta a suas piadas de mau gosto e infelizes, mas o fato é: tornou-se famoso por que se todos acham um absurdo que ele fale que: estuprar uma mulher feia devia ser encarado como favor? Ou quando alegou que “comeria até o bebê dela”, referindo-se ao filho de Wanessa Camargo?

Fonte: Site Espaço Acadêmico

Claro que não concordo, claro que condeno e acho desprezível esse tipo de humor pesado e desrespeitoso. Aliás, todo o tipo de humor que invade, ofende, fere, difama, satiriza, constrange, violenta a dignidade alheia e ultrapassa os limites do outro indivíduo não é válido, não é engraçado e não pode servir para o entretenimento. O erro está em individualizar, em personificar o alvo da comédia, da piada. Quando se trata de um grupo, classe ou de uma instituição – claro que também sem caluniar e infringir os direitos – o humor é válido e atinge seus objetivos.

É válido rir, fazer graça, denunciar o que está de errado, criar situações irreverentes. Mas o humor mais fiel vale quando é livre de qualquer amarra e limitação. Mas se deve estar liberto de censura e conceito, ao mesmo tempo que tenha algum compromisso ético e justo, quem haverá de deter o poder de lhe ditar o rumo e a forma, com completa isenção e preparo? O meu limite não é o seu limite. Uma pessoa tem tolerâncias diferentes em cada situação e diferentes de outras pessoas. Nossas visões, reações e gostos se diferenciam, misturam, conflitam e divergem, pois somos todos únicos. O que me fere e causa repulsa numa piada social, pode ser natural e bem assimilado por outra pessoa, o que para muitos indigna, para outros grupos pode ser vital como prova de notoriedade e existência.

É esse contexto múltiplo de gostos e desgostos que possibilita tornar um Rafinha Bastos famoso com milhares de seguidores em suas redes sociais, amado e odiado simultaneamente, suscetível à polêmica e ao julgo de cada um.

O errado é quem cria um programa que insinua que a mulher faz tudo pela fama, até mesmo ficar rebolando de biquíni durante um programa todo ou o público que se deixa ser comprado por isso? Será que quem vende o que o espectador quer comprar pode ser criticado ou será tudo isso tão somente uma grande piada?

Fonte: Site Espaço Acadêmico

 


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